Embora a liberação oficial seja a partir de agosto, as distribuidoras terão um período para escoar os estoques antigos. Isso significa que a presença da E30 nas bombas pode variar conforme a região, podendo levar semanas ou até meses para se consolidar em todo o país.
Com a proposta de aumentar o percentual de etanol anidro na mistura, o novo combustível trará 30% do derivado da cana-de-açúcar em sua composição, um incremento de 3% em relação à atual gasolina E27.

(Divulgação / Autoimpact)
Para compensar o menor poder calorífico do etanol, a octanagem também subirá. A gasolina comum passará de 93 para 94 RON (Research Octane Number), medida que avalia a resistência à detonação do combustível durante a queima no motor. Quanto maior esse número, mais eficiente tende a ser o desempenho do carro, especialmente em motores modernos com gerenciamento eletrônico.
Essa elevação na octanagem pode ajudar a equilibrar a perda de autonomia causada pelo maior teor de etanol. Isso porque, apesar de mais limpo, o etanol tem menor energia por litro do que a gasolina. No entanto, com motores que se adaptam automaticamente a combustíveis de maior octanagem, há potencial para ganhos em eficiência e consumo.
O último reajuste desse índice ocorreu em 2022, quando a gasolina comum saltou de 92 para 93 RON. A gasolina premium, como a Podium e a V-Power Racing, segue com 95 RON.
Apesar do novo limite estabelecido em 30%, a Lei do Combustível do Futuro (14.993/24) abre caminho para uma futura gasolina E35. A legislação permite aumentar a proporção de etanol até 35%, desde que haja viabilidade técnica comprovada.
O aumento na mistura tem dois principais pilares: estratégico e ambiental.
Comercialmente, a maior presença de etanol na gasolina reduz a dependência do Brasil em relação à gasolina importada, que é cotada em dólar. Com a nova composição, o governo estima evitar a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano, enquanto estimula a produção local de etanol em 1,5 bilhão de litros. Um investimento de R$ 9 bilhões também está previsto para fortalecer o setor.
Do ponto de vista ambiental, o maior uso de etanol, que é renovável e menos poluente, contribui para reduzir as emissões veiculares. Os testes conduzidos pela Agência Nacional de Petróleo comprovam essa vantagem.

